Texto 3ª Rodada: As formas do amor

 

http://oficina-do-gif.blogspot.com.br/2010/01/chuva.html

Amor – A Permanente Descoberta

                                                                    Odete Meith Fernandes

     Ela sempre gostara dessas duas palavras: amor e Descoberta. Talvez porque não fossem apenas palavras em seu coração, tornaram – se algo palpável, visível, cheio de sabor. Lembrava-se que, quando criança, abria a janela (amarela) e lá estava ele, todo risonho: O Amor em forma de sol, árvores verdejantes, seu cachorro “Urso” abanando a cauda com os olhos brilhando na expectativa da brincadeira prometida. Ah, e ao lado do Amor estava a Descoberta, um pouco mais séria, olhar curioso, sorriso misterioso a dizer: “venha, corra por esse espaço maravilhosamente preparado para você, menininha!” E ela corria, com as borboletas esvoaçando a sua volta. Mas não raras vezes, foi ao chão, joelhos ralados, roupinha suja e rasgada! Descobriu que “amor”, às vezes dói, outras vezes não!

     A refeição na casa da mamãe era sempre um “verdadeiro caso de amor”, com os vários sabores e cores dos alimentos à mesa e, a Descoberta, sentada ao lado, tentando fazê-la descobrir que comer demais não era uma boa ideia. O tempo passou, acredita agora que já é  possível se referir ao amor, sem citar a Descoberta, pois, afinal, percebe que os dois são um só.

     Sabia de muita gente que andava ressentida com o amor, ela não! Tudo que aprendeu na vida, foi o amor que ensinou. Acreditava que o Amor era uma eterna Descoberta, pois desde sua infância  até à velhice, não se cansava de emoções novas descobrir, não se cansava de amar... Foi o Amor que segredou em seu ouvido que perdoar é preciso, sempre que a  tratassem sem carinho, não porque o outro merecesse, mas porque quem precisava ser livre era ela própria. Com o Amor descobriu ser possível seguir em frente, sem contemplar demais um caminho bloqueado por pedras intransponíveis... E com o Amor fazer a descoberta de uma trilha nova, melhor do que aquela que para trás ficara!

     Continua descobrindo que amor é sentimento, mas também ação, fazer o que precisa ser feito até nas horas mais incertas! Descobre que amor é viver a alegria, mas não descarta as lágrimas de um amor magoado, pois levam embora todo rancor que impediriam novas descobertas. Tem a percepção de que o Amor carrega sempre um pouco de loucura, mas só na dose necessária para não ficar estagnado. Descobre, ao contrário do que se diz por aí, que o Amor não é cego! Grande mentira jogada ao vento e repetida por tantos quantos querem viver uma aventura, não um verdadeiro Amor! A grande descoberta é essa: o Amor tem uma visão perfeita, belos olhos negros que percebem erros, compreendem esforços, reparam feridas. Amor é a permanente descoberta, de si mesmo e do outro!